terça-feira, 5 de abril de 2011

As origens do Bairro “Padre Gianni Bartesaghi” (1997-2000)

Aspecto do bairro Padre Gianni por volta do ano 2000. Foto impressa na revista "NOVA VENÉCIA 800 OBRAS: órgão informativo da Prefeitura Municipal de Nova Venécia-ES", pág. 11.


Por Rogério Frigerio Piva*


Houve um tempo em que o terreno onde se localiza o bairro “Padre Gianni”, como é popularmente conhecido, já serviu de aterro sanitário (lixão municipal). Foi no ano de 1991 quando o ex-prefeito de Nova Venécia, Walter De Prá, cumprindo o disposto na Lei Orgânica de Nova Venécia, transferiu para o local, o antigo lixão que se localizava as margens do rio Cricaré, em terreno impróprio, nas imediações do Ginásio Poli Esportivo, em local oposto ao de captação de água da estação de tratamento da CESAN. Naquela época, o terreno escolhido, medindo 148.410 m2, situado na localidade de “Córrego Bonfim”, encontrava-se fora do perímetro urbano da cidade de Nova Venécia.

Somente em 1997, na administração do ex-prefeito Francisco Diomar Forza, o aterro sanitário-lixão deixou de funcionar naquele local, sendo transferido para onde se encontra atualmente, às margens da Rodovia Nova Venécia-Vila Pavão. Por meio da Lei 2.204 de 11 de Julho de 1997 se oficializou a mudança de função do terreno que, a partir daquele ato legal, destinou-se a construção de unidades habitacionais.

O loteamento projetado foi denominado provisoriamente de “Bairro Municipal IV”, no qual, as casas populares começaram a ser edificadas. Ainda em 1997, por meio da Lei 2.217 de 24 de setembro, o novo bairro recebeu o nome de “Padre Gianni Bartesaghi”, homenagem a um italiano, missionário comboniano, que foi pároco entre 1978-1983, em Nova Venécia, e que, como seu último desejo, escolheu ser sepultado na cidade em 1991. Chamamos a atenção para destacar o incentivo do padre Gianni ao desenvolvimento da comunidade Ascensão do Senhor, cuja igreja, fôra construída com auxílio da paróquia de São Marcos, entre 1979-1981, no que foi o primeiro bairro de casas populares de Nova Venécia, o bairro COHAB, hoje conhecido pelo povo como: bairro Ascensão. Ironicamente, o saudoso padre Gianni, faleceu no mesmo ano em que, o terreno, onde mais tarde ergueu-se o bairro com seu nome, foi transformado em lixão municipal.



O padre Gianni Bartesaghi nasceu na Itália em 05/02/1929 e faleceu em 19/01/1991, sendo sepultado no Cemitério Senhor do Bonfim e, anos depois, seus restos foram transladados para o Mausoléu dos Combonianos no Cemitério São Marcos. Reprografia de foto em porcelana feita por Rogério Frigerio Piva, 20/03/2010.


Conforme Kim Campos, em artigo publicado na revista “Memória Legislativa: Edição comemorativa do cinqüentenário de Nova Venécia-ES”, no ano de 2004, à página 07, ao falar das ações realizadas pelo padre comboniano Bruno Tonolli, à frente da paróquia de São Marcos, entre 1996 e 2002, destaca que “(...) em dezembro do mesmo ano [1997] inaugurou 40 casas populares no bairro padre Gianni Bartesaghi, sendo 10 feitas pela prefeitura e 30 pela Paróquia.” Segundo esta informação sabemos que, apesar do conjunto habitacional do bairro Padre Gianni ter sido um empreendimento da administração municipal, contou também com recursos da Igreja Católica no seu início. Desta forma, fica registrado que desde dezembro de 1997, as primeiras unidades habitacionais, num total de 40, já estavam prontas, a ponto de serem solenemente inauguradas pelo pároco de então, padre Bruno Tonolli.

Em 16 de dezembro de 1998, por meio da Lei 2.303, o conjunto habitacional teve oficializados os nomes de sua avenida e quatro ruas, que receberam, respectivamente, os nomes de: Avenida André Forza, Rua Alexandre Caliman, Rua Alderico Moreschi, Rua Antonia Maria Gonçalves e Rua Josefina Casa Grande Francischetto.


Aspecto de casas populares no bairro Padre Gianni por volta do ano 2000. Foto impressa na revista "NOVA VENÉCIA 800 OBRAS: órgão informativo da Prefeitura Municipal de Nova Venécia-ES", pág. 10.

Na revista intitulada “NOVA VENÉCIA: 800 OBRAS”, órgão informativo da Prefeitura de Nova Venécia-ES, publicada pelo Setor de Comunicação Social da Prefeitura de Nova Venécia em 2000, à página 04, sob o título “Moradia é uma realidade” encontramos as seguintes informações sobre o bairro que nascia:


Em pouco mais de três anos a atual administração construiu 127 casas para famílias de baixa renda (...), dando assim moradia digna para muita gente que não tinha onde morar.

A Prefeitura criou um novo bairro de casas populares, chamado Padre Gianni. O bairro está muito bem estruturado, com água, energia e rede sanitária. Foi o primeiro bairro de Nova Venécia a receber esgoto tratado, começando a acabar assim com a poluição do Rio Cricaré.

As casas construídas pela Prefeitura têm dois quartos, sala, cozinha e banheiro.


Além da citação que transcrevemos na íntegra, a publicação de 20 páginas, trazia estampadas cerca de cinco fotos coloridas mostrado aspectos das novas casas edificadas. E como, na realidade, era um catálogo das “ditas” 800 obras realizadas ou iniciadas na gestão do ex-prefeito Francisco Diomar Forza (1997-2000), foi publicada também na revista, a relação das famílias beneficiadas que receberam as 123 casas populares, o que entra em conflito com a informação da já citada página 4, onde, citam 127 unidades. Supomos que talvez as quatro unidades citadas além das 123 entregues, tenham ficado prontas, mas não haviam sido entregues até o momento daquela publicação.


Aspecto de casas populares no bairro Padre Gianni por volta do ano 2000. Foto impressa na revista "NOVA VENÉCIA 800 OBRAS: órgão informativo da Prefeitura Municipal de Nova Venécia-ES", pág. 04.


Para que não se perca sua memória, transcreveremos abaixo os nomes dos(as) pioneiros(as) do bairro Padre Gianni que encontramos registrados nas páginas 10 e 11 da revista:


01. Beatriz Marques de Barcellos

02. Cenira Francisca Silva

03. Conceição Ap. Neves Oliveira

04. Devanir Fonseca

05. Ediana Dias da Silva Ramos

06. Edinalva dos Santos Manoel

07. Edma Lopes de Carvalho

08. Enivalda Pereira dos Reis

09. Euzineia Atanazio de Oliveira

10. Geralda Genuária Rosa

11. Inez Ribeiro Siqueira

12. Ireni Giacomini dos Santos

13. José Anacleto Correia

14. José Carlos Martins

15. Lucia Fabem da Silva

16. Mª das Graças B. Carvalho

17. Maria A. Correa Braz

18. Maria Alves Matos

19. Maria Antonia

20. Maria Ap. Alves de Souza

21. Maria da Penha Marques

22. Maria da Penha Pereira

23. Maria da Penha Pereira

24. Maria Dajuda dos Santos

25. Maria Helena P. de Andrade

26. Maria Margarida de Jesus

27. Maria Rodrigues Pena

28. Marilza Neves Alves

29. Marina de Oliveira

30. Natalina Ferrari Ferreira

31. Natanael Furtado Venturin

32. Nilda da Silva

33. Odila Bento de Lima

34. Quitéria Ferreira da Silva

35. Raimundo Pinto da Silva

36. Roque Batista Matos

37. Rosa Gomes da Mota

38. Rosalina Chaefer Vinturino

39. Sandra Puttin Teodoro

40. Sônia Maria Nunes Ortelan

41. Sônia Mendes Farias

42. Valdir Felberg

43. Vanilda da Conceição

44. Vanuza Vilella

45. Vilma de Almeida dos Santos

46. Zilma Gonçalves de Almeida

47. Alzenira T. da Conceição

48. Ana Cristina Giacomini Alberto

49. Anderson Barollo Pires

50. Aparecida Rosa



Cadastramento de moradores para o bairro Padre Gianni entre 1997-2000. Foto impressa na revista "NOVA VENÉCIA 800 OBRAS: órgão informativo da Prefeitura Municipal de Nova Venécia-ES", pág. 10.


51. Mirian Dias Cândido

52. Célia Maria dos Santos

53. Cenira Pereira

54. Dativo Martins Dias

55. Edson Timoteo

56. Elenildes Correia

57. Elizabeth Matias dos Santos

58. Feliziana da Silva Macedo

59. Ilma A. Cardoso dos Santos

60. João Ferreira de Oliveira

61. Joaquim Benedito Filadelfia

62. José Marcos da Silva Santos

63. Kátia Rocha Santana

64. Laurides Fonseca Silva (Bira)

65. Leide Batista da Silva

66. Luzia Cheroto

67. Maria de Fátima Souza Barbosa

68. Maria de Fátima Moreira

69. Maura Fanticelli Pereira

70. Neide Maria Alves

71. Paulo Reges Pandolfi

72. Pedro C. dos Santos

73. Pedro Salvador

74. Regiane dos Santos

75. Rosa Aurea R. de Souza

76. Rosalina de Oliveira

77. Rosemeri de Souza Machado

78. Santa Marinho da Silva

79. Sebastião Rodrigues Medina

80. Silvana Lima de Almeida

81. Vanuza Venâncio Procópio

82. Vicenti de Paula da Silva

83. Zenilda da Penha Santos

84. Zildete P. L. dos Santos

85. Zuleide Morais Machado

86. Alzira F. dos Santos

87. Ana Maria de Oliveira Palácio

88. Angela Maria Elias

89. Antonia Alves dos Santos

90. Aparecida Alves da Silva

91. Beatriz Machado Correia

92. Brás Alves de Oliveira

93. Celina dos Santos Cunha

94. Clemilda Batista da Silva

95. Eliane Oliveira Gomes

96. Ivanete Cesarina

97. João Ferreira dos Santos

98. Júlia Márcia Fernandes

99. Juscelino O. dos Santos

100. Luiza Gomes de Almeida

101. Luzinete Pereira da Silva

102. Manoel Batista Nascimento

103. Maria da Penha A. Oliveira

104. Maria da S. Lisboa Fernandes

105. Maria das Graças A. Pereira

106. Maria de Fátima J. Barreto

107. Maria Djanira R. Amaral

108. Maria Eloisa Fran. Fonseca

109. Maria Eunice dos Santos

110. Maria Rosa de Jesus

111. Marta Zanon Puttin

112. Moaci Soares Benedito

113. Nair B. Filadelfia Sena

114. Nair Teixeira dos Santos

115. Natalino Pimenta

116. Neuza Thomé Gomes

117. Odete Pereira dos Santos

118. Reinaldo Rodrigues Pinas

119. Rosalina V. Nascimento

120. Solange Gomes da Silva

121. Valci Pereira dos Santos

122. Walmir de Araújo Santana

123. Zenilda da Penha dos Santos


Na relação publicada na revista a numeração inicia em 522 e termina em 644, tendo em vista que cada unidade habitacional foi considerada uma das “800 obras” realizadas por aquela administração. Chamamos a atenção para observar que a grande maioria dos chefes das famílias listadas, na relação acima, é de mulheres.

Também encontramos à página 13 da mesma publicação uma "Relação de Obras por Bairros", onde, no Bairro Padre “Gianne” são destacadas: “1- Construção de 144 casas populares; 2 – Construção de rede de tratamento de esgoto; 3 – Construção de energia elétrica; Instalação de telefone/água”. Mais uma vez observamos o número de unidades oscilando de 123 para 144. E questionamos: será que no cálculo estão incluídas as 30 casas construídas com recursos da Igreja Católica? Somente os documentos da administração municipal poderão dar uma precisão a esta informação, o que demandará uma pesquisa mais detalhada.


Aspecto de casas populares no bairro Padre Gianni por volta do ano 2000. Foto impressa na revista "NOVA VENÉCIA 800 OBRAS: órgão informativo da Prefeitura Municipal de Nova Venécia-ES", pág. 01.

Essas escassas notícias que colhemos aqui e acolá, de um bairro relativamente novo na paisagem urbana de Nova Venécia, como o “Padre Gianni”, servem de exemplo para mostrar que, mesmo o nosso passado mais recente, tem muita história prá contar, o que denuncia a falta que faz ao município um Arquivo Público Municipal que poderia e deveria evitar a perda dos registros de nosso passado.


Neste ano de 2011, o bairro “Padre Gianni Bartesaghi” está completando seu 14º aniversário. Surgiu como solução habitacional para atender às famílias carentes de Nova Venécia. Para aquelas famílias que tiveram, no bairro, a realização do sonho da casa própria, hoje, ainda resta lutar pela melhoria da infra-estrutura urbana e assim, poder usufruir de uma verdadeira qualidade de vida.



*Rogério Frigerio Piva é natural de Nova Venécia. Historiador graduado pela Universidade Federal do Espírito Santo. Pesquisa sobre a História de Nova Venécia desde 1992. Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Trabalhou por 10 anos no Arquivo Público do Estado do Espírito Santo onde ocupou diversos cargos. Atualmente é Professor de História da Escola Municipal de Ensino Fundamental Tito dos Santos Neves. Desde 2008 mantém o blog: Projeto Pip-Nuk, com vasto material sobre a História e o Patrimônio Natural e Cultural Nova Venécia: http://www.projetopipnuk.blogspot.com/

sábado, 26 de março de 2011

Os tesouros da Matriz (I): As esculturas do italiano Carlo Crepaz

IGREJA MATRIZ DE SÃO MARCOS. Edificada entre 1961-1965 por meio de doações feitas pelos moradores do município. Situa-se na Praça São Marcos no Centro da cidade de Nova Venécia e foi a primeira do município a possuir estilo moderno. Diz-se que sua arquitetura foi inspirada em uma igreja de Vicenza, na região do Vêneto, norte da Itália. Possui magníficos vitrais e imagens do Cristo Crucificado e do padroeiro São Marcos, em tamanho natural, esculpidas em madeira pelo escultor italiano Carlos Crepaz. A Matriz de São Marcos guarda ainda, em sua fachada, que representa as tábuas da Lei, dadas por Deus à Moisés, uma escultura em auto-relevo de bronze do Leão Alado de São Marcos, presente do Governo Italiano Facista de Mussolini dado a Colônia de Nova Veneza em Santa Catarina e, erroneamente, recebido em Nova Venécia no ano de 1925. Foto: Rogério Frigerio Piva, 19/02/2009.

Com esta postagem estamos iniciando uma série que pretende identificar as obras de arte sacra que compõem a Igreja Matriz de São Marcos, construída entre 1961-1965, no centro da cidade de Nova Venécia.

Por Rogério Frigerio Piva




Segundo o Pe. Carlos em seu livro “História da Paróquia de Nova Venécia (FURBETTA : 1982 , pp. 47-54)”, foi no “governo” do terceiro vigário, Pe. Fiovo Camaioni (1960-1966), que se deu a construção da nova igreja matriz de São Marcos, levada a efeito pelos missionários combonianos e os fiéis católicos entre 1961-1965. Hoje para quem vive ou visita Nova Venécia é impossível não notar o majestoso templo erguido à moda antiga, como a lembrar o traçado clássico das antigas cidades greco-romanas. Erguendo-se a oeste de uma esplanada, existente no cume de um morro, localizado no coração da cidade, identificado popularmente como “Morro da Matriz”, como a lembrar uma típica acrópole grega, encontra-se a igreja de São Marcos e seus tesouros artísticos.


Destes, por hora, vamos nos ocupar das esculturas em madeira presentes no presbitério representando São Marcos - o padroeiro, e o Cristo Crucificado.


A imponente escultura sacra de São Marcos, obra de Carlo Crepaz, presente desde 1963 na Igreja Matriz onde é padroeiro. Foto: Rogério Frigerio Piva, 25/03/2011.



Mais uma vez é o Pe. Carlos Furbetta quem nos informa: Enquanto a obra [da construção da Matriz] sobe, [o vigário, Pe. Camaioni] planeja o futuro. A 29 de julho [de 1962] organiza uma campanha extra na cidade para a nova grande imagem em madeira de São Marcos, encomendada ao escultor italiano, radicado em Vitória, Carlos Krepas; (1982, p. 53). E, mais adiante, na mesma página complementa: Para a festa de São Marcos 1963 chega a nova magnífica imagem e são colocados na grande nave os bancos novos... (FURBETTA: 1982, p. 53).


Detalhe da escultura de São Marcos. Foto: Rogério Frigerio Piva, 25/03/2011.



Com estas poucas linhas, o nosso saudoso Pe. Carlos Furbetta nos revela a autoria e a data da imagem que ainda hoje adorna o presbitério e impressiona a fiéis e visitantes quando se observa a riqueza de detalhes de uma escultura que parece que vai tomar vida e descer do altar a qualquer momento.


A riqueza de detalhes da escultura de São Marcos que parece que vai tomar vida e descer do altar a qualquer momento. Foto: Rogério Frigerio Piva, 25/03/2011.


Mas é somente quando aborda o “governo” do sétimo vigário, Pe. Pedro Baresi (1974-1977), que ele nos esclarece, detalhadamente, como estava organizado o altar-mor e nos faz nova revelação, sempre se baseando no livro de Tombo da Paróquia, que é sua fonte primária por excelência: Reforma do presbitério da matriz: De primeiro o presbitério se apresentava arquitetonicamente enfeitado por 5 arcos. A imagem de São Marcos estava colocada ao centro, num grande nicho situado no alto, acima do nível dos arcos. O sacrário estava numa arrumação meio provisória também no centro, abaixo do São Marcos e como que tapando, com a ajuda de cortinas, o arco central. (FURBETTA : 1982, p. 66).

Após esta descrição onde podemos identificar onde estava a escultura de São Marcos desde 1963, ele fala da primeira modificação que sofreu o presbitério da Matriz: Eliminamos os arcos e o nicho de São Marcos. No centro colocamos um grande crucifixo: o corpo de Cristo, dobro do natural, obra do escultor Carlos Krepas, é de madeira escura; a cruz que se apóia no chão e alcança em altura quase o forro, é de peroba clara. Tudo isso quer dizer que o Cristo é o centro da nossa fé e o centro da Igreja. (FURBETTA : 1982, P. 66).

Eis aí, a autoria da escultura do Cristo Crucificado existente, ainda hoje, no presbitério da matriz, o mesmo escultor que fez a imagem de São Marcos, Carlo Crepaz, também fez o Cristo Crucificado e, portanto, por estas notas, sabemos que a imagem do Cristo é, aproximadamente, mais de dez (10) anos mais nova que a de São Marcos.


O Cristo Crucificado passou a fazer parte do acervo sacro da Matriz de São Marcos entre 1974-1976. Mais uma vez a obra ficou a cargo do escultor Carlo Crepaz. Foto: Rogério Frigerio Piva, 25/03/2011.



Mas para onde foi a imagem de São Marcos após aquela reestruturação? Prossigamos o relato: Ao lado esquerdo da cruz, sobre grande consolo alto 1,70 m. sistematizamos o sacrário e, ao lado direito, sobre idêntico consolo, entronizamos a Bíblia. Esta arrumação quis indicar que Cristo nos deu duplo alimento: o de seu corpo, contido no sacrário, e o de sua palavra, contida na Bíblia. Ao canto direito do presbitério com a nave, sobre pedestal de um metro de altura colocamos a imagem do Padroeiro e, ao canto esquerdo, a imagem de Nossa Senhora. Esta arrumação quis significar que tanto Nossa Senhora como São Marcos são dois cristãos como nós, que, por terem seguido a Cristo mais perto, merecem a glória que desfrutam no céu e são para nós válidos protetores. (FURBETTA : 1982, p. 67).

Há alguns anos, ainda sob a administração dos missionários combonianos, o presbitério sofreu mais uma alteração que lhe deu a feição atual que pode ser vista na foto abaixo. Mesmo assim, as imagens: a do Cristo “centro da nossa fé e o centro da Igreja” que continua a ocupar o seu mesmo lugar, ladeado por São Marcos e a imagem de Nossa Senhora, já mencionada na década de 1970, da qual nos ocuparemos em outro momento.


Composição atual do presbitério da Igreja Matriz de São Marcos com destaque para o Cristo e o São Marcos do escultor Carlo Crepaz. Foto: Rogério Frigerio Piva, 25/03/2011.



São Marcos e o Cristo Crucificado, são duas imagens de madeira feitas pelo italiano Carlo Crepaz (ou “Krepas” como grafou o Pe. Carlos Furbetta) e foram feitas, respectivamente: a de São Marcos entre 1962-1963 e a do Cristo entre 1974-1976.

Mas e o escultor Carlo Crepaz, o que sabemos sobre ele?

Quem nos fala é a professora da Ufes, Almerinda S. Lopes, Coordenadora de Pesquisa/multimídia para o portal “Espaço Cultural – Burle Marx” ( http://www.sefaz.es.gov.br/painel/default.htm ) mantido pela SEFAZ – Secretaria de Estado da Fazenda do Espírito Santo:


Carlo Crepaz viveu em Vitória por 33 anos (1951-1984). Imagem disponivel em 26/03/2011 no site: http://www.es.gov.br/site/noticias/show.aspx?noticiaId=99661390

Carlo Crepaz - Nasceu em Ortisei [in Val Gardena] – Dolomiti [Südtirol], [extremo norte da] Itália, em 06 de abril de 1919 e faleceu na mesma cidade em 09 de setembro de 1992. Filho de Giacomo Crepaz e Adelinda Sotriffer. Escultor, pintor e professor. Em 1931, concluiu o curso de Arte na Escola de Belas Artes da cidade natal. Depois de se dedicar à escultura na Itália, onde expunha e recebia encomendas para obras públicas e privadas, decide transferir-se para o Brasil.

Em 1951 chega a Vitória, passando a professor de esculturas obras Pavonianas, no Santuário de Santo Antônio. Entre 1961 e 1981, leciona a disciplina de Modelagem e Escultura na antiga Escola de Belas Artes em Vitória, que ajudou a fundar e depois, no Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo. Naturaliza-se cidadão brasileiro.


O cenário urbano de Vitória conta com esculturas do artista, falecido em 1992. Imagem disponível em 26/03/2011 no site: http://www.es.gov.br/site/noticias/show.aspx?noticiaId=99661390

Em sua produção escultórica tem destaque a figura humana, especialmente os bustos de pessoas ilustres, além de figuras de temática sacra e vultos históricos. Seu estilo manteve-se sempre preso aos padrões clássicos, não revelando nenhum apreço pelas simplificações, geometrizações e estilizações modernistas. A pintura foi atividade paralela, mas secundária na carreira do artista, comparada à escultura. No entanto, deixou dois quadros de temática religiosa no Santuário de Santo Antônio: o santo pregando aos peixes e a mula ajoelhada diante do Santíssimo Sacramento (1952). Pelos serviços prestados, recebeu o título de cidadão vitoriense, em 1965. Em 1987, já aposentado, volta à Itália, falecendo na mesma cidade em que nasceu, em 1992.

Obras realizadas no Espírito Santo: "Índio Araribóia", 1959 (bronze); "Pietá"; anjos e batistério, Convento da Penha (Vila Velha); "Nossa Senhora da Vitória", (altar-mor da Catedral Metropolitana); Imagens de "D. Bosco", "Cristo Crucificado", "Nossa Senhora Auxiliadora" e busto do padre "Motti", na capela do Colégio Salesiano; busto de "Rui Barbosa", no Tribunal de Contas; busto do médico "Eurycledes de Jesus Zerbini", na Praça Ubaldo Ramalhete; "Monumento ao Imigrante", em Domingos Martins; "O Pescador", na Assembléia Legislativa; "Monumento ao Cel Antenor Guimarães", (1955); busto de Domingos Martins", no Palácio Anchieta; busto do Dr. Ubaldo Ramalhete Maia, na praça de mesmo nome; busto de Homero Massena, no Centro de Arte da UFES, entre outras. No Rio de Janeiro: "Anoitecer ", acervo do Museu Nacional de Belas Artes. São Paulo: "Grupo de Imigrantes", no Palácio do Café. Curitiba: "Cristo". Na Europa: "Cristo", 1936 (madeira), em Paris e Florença; "Papa Pio X", 1946 (no Vaticano), entre outras.


FONTES: ALVES JÚNIOR, José P. "As vozes dos bronzes", Revista do IHGES, n.º 20, 1959. FARIA, Willis de. Catálogo dos Monumentos Históricos e Culturais da Capital. Vitória, ARTGRAF, 1992. ASSIS, F. Eugênio de. "Efemérides Capixabas", recorte de jornal, s.p. e s.d., encontrado na caixa n.º 25 do acervo de Maria Stella de Novaes, no Arquivo Público Estadual."


(Texto disponível em 26/03/2011 no site: http://www.sefaz.es.gov.br/painel/escul10.htm).


Em 2006, uma exposição na Galeria Homero Massena e palestra, homenagearam Carlo Crepaz em Vitória, confira nos links abaixo:


05/09/2006 – Cultura – Vitória em Arte faz homenagem a Carlo Crepaz a partir desta terça (05):


http://www.es.gov.br/site/noticias/show.aspx?noticiaId=99661390


06/09/2006 – Cultura – Galeria Homero Massena mostra Crepaz até 30 de setembro:





Confira também portal italiano da terra natal de Crepaz:

quinta-feira, 17 de março de 2011

Casa de Pedra do Perletti também pode sediar Museu do Café

Símbolo histórico da colonização italiana em Nova Venécia, a Casa de Pedra do Perletti, cujas obras de restauração estão em andamento, poderá sediar um Museu do Café.

A conclusão da restauração da Casa de Pedra do Perletti deverá ser até maio próximo. Foto Samuel Sabino, 14/03/2011. Imagem disponível em 17/03/2011 no site: http://www.novavenecia.es.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=373%3Acasa-de-pedra-tambem-pode-sediar-museu-do-cafe&catid=38%3Adestaques&Itemid=83


Por Samuel Sabino (Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Nova Venécia), publicado em 15/03/2011, às 13:26 no site oficial da Prefeitura de Nova Venécia: http://www.novavenecia.es.gov.br/



A proposta partiu do vereador Otamir Carloni e do historiador Rogério Frigerio Piva, que fazem parte da comissão indicada pelo prefeito Wilson Japonês para acompanhar as obras de restauração com o objetivo de evitar a descaracterização do monumento, que é tombado pelo Conselho Estadual de Cultura desde 2003.

O museu contará histórias política e econômica de Nova Venecia a partir da cultura cafeeira que até hoje sustenta a economia do município. “Nossa idéia é mostrar a vinda do imigrante italiano e do nordestino para trabalhar na lavoura cafeeira de forma interativa, apresentando exposições e outros recursos visuais”, explica Rogério Piva, que desde os anos 90 pesquisa sobre a história da Casa de Pedra do Perletti e hoje mantém um blog sobre o assunto, cujo endereço virtual é o seguinte:
www.projetopipnuk.blogspot.com .

A princípio, entretanto, a Casa de Pedra do Perletti vai abrigar um museu de acervo cultural de Nova Venécia, reunindo objetos, documentos, jornais e fotografias que contam a história social, política e econômica do município.

As obras de restauração estão em ritmo avançado e devem ser concluídas até maio próximo. A comissão vem acompanhando de perto os trabalhos, sugerindo algumas mudanças no projeto original. No telhado, por exemplo, foi negociada a colocação de um tipo de telha francesa bem parecido com o utilizado em 1925, época da construção do monumento que funcionou como abrigo de máquinas a vapor para pilar café e como ponto de venda de secos e molhados até a década de 1930.

Ao lado da Casa de Pedra do Perletti está sendo construído um anexo que conta com palco, auditório para 150 pessoas e dois banheiros. O local será utilizado para apresentações artísticas e culturais e palestras.


O anexo conta com palco, auditório para 150 pessoas e dois banheiros. Foto Samuel Sabino, 14/03/2011. Imagem disponível em 17/03/2011 no site: http://www.novavenecia.es.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=373%3Acasa-de-pedra-tambem-pode-sediar-museu-do-cafe&catid=38%3Adestaques&Itemid=83



A restauração da Casa de Pedra do Perletti e a construção do anexo custarão R$ 526.730,42, recursos do Governo Federal, resultado de um convênio assinado entre a Prefeitura de Nova Venécia e o Ministério do Turismo.

ATENÇÃO!!!

Este blog é específico para difusão e estudo do patrimônio natural e cultural do município de Nova Venécia, bem como, tudo que norteia a sua cultura, memória e meio ambiente. A utilização, do material aqui disponibilizado (seja texto ou imagem), por qualquer veículo de comunicação, deve ser previamente solicitada ao Projeto Pip-Nuk por meio do e-mail: projetopipnuk@yahoo.com.br e jamais poderá ser publicada sem menção ao seu autor (quando houver) e ao respectivo blog.