quarta-feira, 5 de maio de 2010

Prefeitura realiza 1ª Seminário de Políticas Públicas para a Cultura de Nova Venécia


PATRIMÔNIO CULTURAL - IMATERIAL: Grupo de Folia de Reis "Sois Reis" herdeiro de uma tradição nordestina que remonta ao início do século XX, em Nova Venécia, em apresentação realizada no saguão da Prefeitura Municipal. Foto: Rogério Frigerio Piva, 21/12/2009.



PATRIMÔNIO CULTURAL - MATERIAL/ARQUITETÔNICO: Herança dos colonizadores das terras que atualmente compreendem o município de Nova Venécia, as antigas residências rurais construídas com esqueleto de madeira e paredes vedantes de estuque ou tijolos de adobe, ainda resistem no interior do município. Até quando??? Na foto uma das várias edificações que ainda podem ser apreciadas nas margens da estrada que corta o vale do Córrego do Refrigério, interior de Nova Venécia. Foto: Rogério Frigerio Piva, 22/11/2009.
Creio que seja de interesse de todos aqueles que se preocupam e se dedicam ao fazer cultural, e em especial, ao nosso Patrimônio Cultural - material ou imaterial, participar do evento que se realizará na próxima segunda-feira (10/05) e que, na prática visa apresentar as leis que reestruraram o Conselho Municipal de Cultura e criaram o Fundo Municipal de Cultura. Tivemos oportunidade de conhecê-las na íntegra no site da Câmara Municipal (veja o link abaixo), mas questionamos o fato de não ter ocorrido nenhuma discussão com os "segmentos" interessados, antes do texto final ser aprovado. De qualquer forma, estaremos lá para ouvir e, somente depois, nos manifestar. Veja abaixo a nota que foi publicada no site da Prefeitura de Nova Venécia no dia 04/05/2010:
Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Nova Venécia - A Secretaria Municipal de Cultura [e Turismo] convida todos os artistas venecianos que representam os seguimentos de música, artesanato, artes plásticas, dança, cultura negra, cultura italiana, folclore, capoeira, cinema, vídeo, fotografia, entidades socioculturais, patrimônio histórico, teatro e ativistas culturais para o 1° Seminário de Políticas Públicas que acontecerá no dia 10 de maio, a partir das 18h30. Segue abaixo a programação completa do evento, que acontece na Câmara de Vereadores.

PROGRAMAÇÃO
18h30 – Recepção Performática (performance poética, música, literatura, artesanato, artes plásticas);
19h00 – Abertura dos Trabalhos, composição da mesa, Hino Nacional;
19h30 – Exposição Temática do Juiz de Direito Dr. Ronaldo Domingues de Almeida (Juridicidade dos programas públicos para a cultura);
20h30 – Apresentação das Leis e processo organizacional (data de eleição do CMC, proposta de crédito suplementar especial para o FMC.

Exposição temática do Juiz de Direito
Dr. RONALDO DOMINGUES DE ALMEIDA.


Fonte: http://www.novavenecia.es.gov.br/banco/noticias.php?id=608

Consulte as novas leis municipais Nº 3007/2010 de 02 de Março de 2010 que criou o CMC - Conselho Municipal de Cultura e Nº 3006/2010 de 02 de Março de 2010 que instituiu o FMC - Fundo Municipal de Cultura no site da Câmara Municipal de Nova Venécia:
PATRIMÔNIO CULTURAL - IMATERIAL: Coral Italiano Augusto Zaché, que mantém vivo em nosso município um traço marcante da cultura dos imigrantes italianos - o canto de coro. Este ano (2010) o grupo completa 30 anos de presença na cultura veneciana. Na foto acima, em recente apresentação no município vizinho de Jaguaré. Foto: Regina Bis Lima, 10/04/2010.



PATRIMÔNIO CULTURAL - MATERIAL/ARQUITETÔNICO: Poucos devem ter conhecimento, mas a edificação mostrada na foto acima é a mais antiga, ainda de pé, no centro da cidade de Nova Venécia. Construída entre o final do século XIX e o início do século XX ela pertenceu ao homem que, desde 1958, da nome ao logradouro onde ela se localiza: Salvador Cardoso, um dos pioneiros na colonização de Nova Venécia, descendente de tradicional família mateense. O mínimo que se espera do novo Conselho Municipal de Cultura, que será eleito em breve, é que ele possa desenvolver ações que assegurem a preservação e mesmo a restauração de edificações como esta, que são marcos da evolução urbana da cidade. Foto: Rogério Frigerio Piva, 19/02/2009.

segunda-feira, 8 de março de 2010

CONSTÂNCIA DE ANGOLA: Mulher, Mãe e Guerreira do vale do Cricaré

Mulher de Angola com filho nas costas. Angola é um país na África Atlântica de onde foram arrancadas milhares de pessoas que vieram à força, trabalhar como escravos no Brasil. Imagem disponível em:

São Constâncias que continuam perdendo seus filhos para os senhores, queimados pelo mesmo fogo da discriminação e do preconceito, e que mais tarde voltam, também, irremediavelmente, para seus braços, mortos, como de costume...
São meninos que choram, eternamente... São mães guerreiras que continuam lutando pelo direito à vida e, sobretudo, pela liberdade sonhada...”
(Maciel de Aguiar)



Por Izabel Maria da Penha Piva*
(colaboração Rogério Frigerio Piva)


Província do Espírito Santo, sertão de São Mateus, segunda metade do século XIX. Gritos se espalham pela paisagem composta por montanhas e um longo rio que corta a região, o Rio Cricaré. Seu nome quer dizer sonolento, dorminhoco, por suas águas tranqüilas que desembocam no mar. E sonolento, impassível, o rio escuta esse lamento. São gritos de dor. Uma mulher está acorrentada ao tronco e constantemente é chicoteada por afirmar que matará sua senhora. Nesse tronco há uma negra que não se dobra à dor das chibatadas. Que deseja a morte daquela que lhe imputou a pior dor que poderia uma mulher sentir. Não são chibatadas que lhe estraçalham a pele escura o motivo do lamento. Mas o filho que lhe foi arrancado dos braços maternais, e jogado em uma fornalha. Apenas por que, como criança que era, chorava. Apenas por que seu choro incomodava a sinhá. Esta em um momento de domínio total sobre a vida de seus escravos arrancou o bebê dos braços da mãe e lhe atirou na fornalha da fazenda. A mãe, açoitada e acorrentada ao tronco, grita e chora. É um grito de dor de mãe. É um grito de uma mulher. Seu nome: Constância de Angola.

Essa história, contada pelos descendentes de escravos da região do Vale do Cricaré, emoldura a saga da colonização da cidade de Nova Venécia, que, antes chamada de sertão de São Mateus, surgiu no vale do Rio Cricaré. São histórias de um povo que se misturava entre os sangues índio, negro, mineiro, nordestino e europeu. Da cidade de São Mateus, saíram os colonizadores, abrindo a mata, enviando seus escravos a abrir fazendas, a plantar cana-de-açúcar, café. Essa região recebeu montantes de italianos e outros povos europeus, além de migrantes nordestinos que também trabalhavam nas lavouras ou nas casas-grandes. Uma dessas casas foi o casarão sede da antiga Fazenda da Serra dos Aymorés, na atual localidade de Serra de Baixo, em Nova Venécia, conhecidos como Casarão dos Escravos, e que hoje desaparecido, permanece vivo nas memórias dos moradores mais antigos. São lembranças que, vindas da oralidade popular, deixam várias lacunas na História. Por exemplo, quem foi Constância de Angola?

Segundo o pesquisador Maciel de Aguiar, em seu livro “Os Últimos Zumbis”, há registros (guardados no cartório do 1º Ofício de São Mateus) de uma escrava de nome Constância, “criola de cor parda, solteira” que foi comprada pelo Coronel Matheus Gomes da Cunha, irmão do Major Antonio Rodrigues da Cunha, o Barão de Aymorés, por volta de 1880. Enquanto o barão, além de possuir a fazenda “Cachoeiro do Cravo”, também abriu a fazenda “Serra dos Aymorés”, seu irmão Matheus Cunha era proprietário das fazendas “Cachoeiro do Inferno”, nas proximidades da cachoeira homônima no distrito de Nestor Gomes, em São Mateus, e a “Boa Esperança”, localizada em Serra de Cima, distrito sede de Nova Venécia. É possível então que Constância tenha sido levada para essa fazenda, aberta com o objetivo de cultivar café na segunda metade da década de 1870 e nova frente de produção daquele fazendeiro.

Casarão da Fazenda Cachoeiro do Cravo, às margens do braço sul do rio São Mateus ou Cricaré, no distrito de Nestor Gomes, São Mateus. Pertenceu ao Major Antônio Rodrigues da Cunha, depois agraciado com o título de Barão de Aymorés. Este local é testemunha do suplício de Constância, onde, próximo dali, jazem seus restos mortais. Foto: Rogério Frigerio Piva, 17/02/2010.

Seguindo este pensamento os pesquisadores Maciel de Aguiar e Eliezer Nardoto situam o drama de Constância na Fazenda Boa Esperança e afirmam que esta se localizava na região do atual município de Boa Esperança, o que para eles explicaria a origem do nome. No entanto, há evidências documentais e orais, entre elas o processo da compra da terra denominada “Boa Esperança”, requerida pelo Sr. Coronel Matheus Gomes da Cunha, no ano de 1876, na região denominada Serra dos Aymorés, primeiro nome pelo qual Nova Venécia foi conhecida. A planta da propriedade foi medida pelo agrimensor Cassiano de Castro Nunes no ano de 1880. Considerando essa localização, a História de Constância, poderia ter se passado na região hoje conhecida como Serra de Cima, cortada pelo afluente do rio Cricaré, não por acaso chamado de “Córrego da Boa Esperança”, que nasce na Fazenda Santa Rita, localizada atrás da cadeia de pedras graníticas da qual faz parte a Pedra do Elefante.

Matheus Cunha e seu irmão Antonio Rodrigues da Cunha, o Barão de Aymorés, abriam essas propriedades no intuito de plantar café. Nessas regiões conhecidas como o sertão de São Mateus, apenas davam continuidade a um projeto estabelecido para todo o sudeste do Brasil, a expansão das lavouras cafeeiras em vista da exportação desse produto para a Europa e os Estados Unidos. A economia brasileira se assentava em torno dos cafezais e colocava entre lavouras e terreiros, histórias de vidas de origem completamente distintas que se encontravam como escravos africanos, pobres italianos e retirantes nordestinos.

Muitos outros relatos de cunho popular, tanto dos descendentes de escravos, como o de Lauro Santos, transformado em livro por Maciel de Aguiar, quanto dos descendentes de imigrantes italianos como das famílias Merlin, Pettene, Cadorin e de descendentes de retirantes nordestinos, como da família Galvão, afirmam ser nesse local (Serra de Cima) a antiga moradia da personagem de uma lenda corrente nas conversas dos mais antigos da região, a história da mulher que virou serpente. Essa mulher, identificada como Dona Lina, seria na verdade Francelina Cardoso Cunha, segunda esposa de Matheus Cunha e cunhada do Barão de Aymorés. O pesquisador Maciel de Aguiar a cita como a mulher que teria jogado o bebê de Constância no forno, retirando esse terrível acontecido da culpa de Dona Rita Cunha, mãe do Barão, como pensavam alguns moradores de São Mateus ou mesmo da Dona Theodózia Vieira da Cunha, esposa do Barão de Aymorés.

Um dos poucos vestígios arqueológicos do antigo "Cemitério Particular da Fazenda Boa Esperança" o túmulo visto na foto que tem ao fundo a Pedra do Elefante, seria da Senhora Francelina Cardoso Cunha, esposa do antigo proprietário da fazenda Coronel Matheus Gomes da Cunha. Segundo a lenda ela teria se tornado uma serpente após a sua morte. O lugar hoje é conhecido como Serra de Cima e ainda é cortado pelo córrego que evoca o antigo nome da fazenda: Boa Esperança. Infelizmente, o túmulo aqui visto hoje encontra-se destruido. Foto: Rogério Frigerio Piva, 1993.

Lina Cunha, por ter feita tamanha crueldade com a criança, precisou ser retirada da fazenda e levada para a cidade de São Mateus, pois seus familiares temiam alguma represália dos escravos da propriedade. Mas sua fama de mulher má a acompanhou a ponto de afirmarem que ela, após a morte, teria se tornado uma serpente que assombrava os moradores da Serra de Cima. Tal assombramento só teve fim quando um bispo, após benzer o local, pediu a todos de Nova Venécia (na época denominada Barracão) que fechassem suas janelas voltadas para o rio Cricaré, e não olhassem as águas barrentas descendo ao mar após uma grande enchente. Dizem que a mulher, virada serpente desceu rio abaixo e desapareceu no mar. São lendas que corroboram as muitas histórias de sofrimento passadas por essa gente que colonizou o sertão de São Mateus.

Quanto a Constância, fugiu da fazenda resguardada por um grupo de quilombolas liderados por Viriato Cancão-de-fogo, um dos líderes negros da região. Participou de várias lutas contra forças do governo e capitães-do-mato, em favor da libertação de seu povo. Sofreu emboscada, foi presa, surrada em praça pública, e novamente libertada por Viriato Cancão-de-fogo que “invadira a prisão de São Mateus durante os festejos do padroeiro, na hora da procissão”, ainda segundo Maciel de Aguiar.
Tempos após a fuga, Constância se deparou com um velho inimigo, José de Oliveira, que na época da morte de seu filho era feitor na fazenda de Matheus Cunha. Agora capitão-do-mato, adquirira o apelido de “Zé Diabo”. A luta entre os dois se deu na região conhecida como Piaúna, braço norte do Rio Cricaré ou São Mateus. Constância morreu nessa luta, porém seu algoz também teve seu fim. As matas da região foram testemunhas da sangrenta luta entre os dois, contada mais tarde pelos ex-escravos.


Constância, conhecida pela alcunha “d’Angola” ou “de Angola”, referência a região de onde vinha ou onde vivia tribo da qual descendia na África, foi enterrada no cemitério dos escravos da Fazenda Cachoeiro do Cravo, pois esse era seu desejo, já que as cinzas de seu bebê teriam sido ali depositadas, com o consentimento do Major Antônio Cunha. O local, de rara beleza, guarda ainda a lembranças desse tempo de escravidão, tristeza e dor. Mas precisa ser preservado. As histórias não podem ser esquecidas. É preciso gritar aos quatro ventos que há tempos atrás uma mulher tornou-se guerreira e líder de um povo em busca de libertação. E essa história aconteceu tão perto de nós.

Vista do muro do antigo "Cemitério Particular da Fazenda Cachoeiro do Cravo" com o braço sul do rio São Mateus ou Cricaré ao fundo. Segundo Maciel de Aguiar, que o chama de "Cemitério dos Escravos", neste local, hoje abandonado e em ruínas, jazem Constância de Angola e seu filho. Destruição e abandono para com a nossa memória, para com a memória de Constância. Foto: Rogério Frigerio Piva, 17/02/2010.


Ainda hoje mulheres lutam por seus filhos. Tornam-se guerreiras para sustentá-los. São mães como Constância. Quem hoje passa na estrada que corta a fazenda do Cachoeiro do Cravo, ou como conhecemos, a Cachoeira do Cravo, não faz idéia que naquelas terras estão os restos mortais de uma mãe com seu filho bebê. Agora enfim, na morte, eternamente juntos. O colo de mãe que sentiu a ausência do filho jogado ao forno, recebe suas cinzas num longo abraço, que dura eternamente, num prazer que só as mães podem sentir porque são mulheres, são mães. Constâncias.


Referências Bibliográficas:

AGUIAR, Maciel de. CONSTÂNCIA D’ANGOLA: A eterna luta das mães negras. Série História dos Vencidos. Caderno 03. Editora Brasil-Cultura: Centro Cultural Porto de São Mateus: São Mateus, 1995. 31 p.

AGUIAR, Maciel de. LAURO E ROSALVO: Cantadores e Tocadores. Série História dos Vencidos. Caderno 20. Editora Brasil-Cultura: Centro Cultural Porto de São Mateus: São Mateus, 1996. pp. 18, 29-30.

AGUIAR, Maciel de. OS ÚLTIMOS ZUMBIS: A saga dos negros do Vale do Cricaré durante a escravidão. Brasil-Cultura: Porto Seguro (BA), 2001. pp. 59-73, 310, 323-325.
NARDOTO, Eliezer. e LIMA, Herinéa. HISTÓRIA DE SÃO MATEUS. EDAL - Editora Atlântica Ltda: São Mateus, 1999. pp. 25-26.










*Izabel Maria da Penha Piva é historiadora graduada e mestra em História Social das Relações Políticas pela Universidade Federal do Espírito Santo onde produziu a dissertação "SOB O ESTIGMA DA POBREZA: A Ação da Irmandade da Misericórdia no Atendimento à Pobreza em Vitória - Espírito Santo (1850-1889)", defendida em 2005. Vem atuando no magistério, seja na educação infantil, ensino fundamental e médio, há mais de 15 anos. É professora na Escola Estadual de Ensino Médio “Dom Daniel Comboni”, em Nova Venécia. É integrante e colaboradora do Projeto Pip-Nuk.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

GAMELEIRA na APA da Pedra do Elefante é alvo de vândalos

Vista da gigantesca Gameleira (Ficus sp) na Área de Proteção Ambiental da Pedra do Elefante. Localidade de Serra de Baixo - Nova Venécia (ES). Foto: Rogério Frigerio Piva, 25/10/2009.


Por Rogério Frigerio Piva



Uma das jóias existentes na Área de Proteção Ambiental da Pedra do Elefante – a árvore popularmente conhecida como Gameleira (Ficus sp) que, segundo informações do Instituto Estadual do Meio Ambiente - Iema -, teria mais de uma centena de anos e cerca de 5 metros de diâmetro, foi alvo da ação de vândalos que deixaram seus registros indesejáveis nas raízes da mesma.

No dia 04/10/2009, ao levarmos amigos para conhecer a exuberante e gigantesca gameleira, que é um importante patrimônio natural veneciano, pudemos constatar até onde vai a “imbecilidade” do ser humano, se é que alguém que comete um gesto tão ridículo como aquele pode ser chamado de “humano”.

Detalhe das raízes da Gameleira (Ficus sp) na APA da Pedra do Elefante onde se vêem as pichações com tinta verde com as iniciais "EO" e "FG 2009". Localidade de Serra de Baixo - Nova Venécia (ES). Foto: Rogério Frigerio Piva, 25/10/2009.



Utilizando tinta verde, um ou mais vândalos picharam algumas das raízes com suas iniciais e ainda dataram o que eles devem acreditar ter sido um “grande” feito. Infelizmente, os atos de vandalismo contra a árvore são mais antigos. Observando atentamente as suas raízes que, segundo a prefeitura municipal de Nova Venécia, ultrapassam 1,80 metros de altura, em alguns pontos, pode-se perceber que indivíduos insistem em gravar com canivete seus nomes ou iniciais nelas.

Outro detalhe das raízes da Gameleira (Ficus sp) na APA da Pedra do Elefante onde se vêem as pichações com tinta verde com as iniciais "FG" e o nome "Maykon". Localidade de Serra de Baixo - Nova Venécia (ES). Foto: Rogério Frigerio Piva, 25/10/2009.


Apesar de agredir a árvore estes atos não interferiam na sua beleza cênica. A novidade é que, agora, quem for fotografar terá que escolher ângulos que não mostrem as pichações.

A popular Gameleira da Pedra do Elefante como também é conhecida, tem um porte gigantesco e chama a atenção de quem vai contemplá-la. Segundo a já citada administração municipal, a árvore teria mais de 15 metros de altura.

As terras onde a árvore se localiza foram desbravadas no final do século XIX, por volta de 1870, pelo major da Guarda Nacional Antônio Rodrigues da Cunha, mais tarde agraciado por D. Pedro II com o título de Barão de Aymorés, onde o mesmo constituiu sua fazenda denominada “Serra dos Aymorés” no sertão do que então era o antigo município de São Mateus.
Se for de fato centenária, a Gameleira viu o derrubar da mata local pelos escravos africanos para o cultivo do café, bem como a chegada de migrantes nordestinos e imigrantes italianos nos primórdios da colonização das terras venecianas. Certamente antes de tudo isso, pode ter sido abrigo para tribos de índios botocudo, como a dos Giporok, que erravam por nossas matas antes da colonização.

Nos anos 1990, ela se tornou centro de uma manifestação religiosa. Muitos acreditam que no local ocorra a aparição de Maria de Nazaré, mãe de Jesus, que foi ali chamada de “Mãe dos Peregrinos” e recebeu até um pequeno santuário construído por devotos em uma escarpa rochosa logo acima da pequena faixa de mata a qual se tem acesso pela Gameleira.

Com a criação da APA da Pedra do Elefante, em 2001, a Gameleira passou a ser mais divulgada como ponto turístico.


Para saber mais sobre a APA da Pedra do Elefante acesse:

http://www.meioambiente.es.gov.br/default.asp?pagina=16715

Veja também:

ATENÇÃO!!!

Este blog é específico para difusão e estudo do patrimônio natural e cultural do município de Nova Venécia, bem como, tudo que norteia a sua cultura, memória e meio ambiente. A utilização, do material aqui disponibilizado (seja texto ou imagem), por qualquer veículo de comunicação, deve ser previamente solicitada ao Projeto Pip-Nuk por meio do e-mail: projetopipnuk@yahoo.com.br e jamais poderá ser publicada sem menção ao seu autor (quando houver) e ao respectivo blog.